domingo, 15 de abril de 2018

E como é a escola no Canadá?



Tenho várias amigas que me perguntam sobre a adaptação das crianças na escola, quais as diferenças e semelhanças com o Brasil, etc... Acho que já contei algumas coisas em posts anteriores, mas agora que eles completaram 3 meses de aula, já consigo descrever melhor como funciona, o que gosto e o que não gosto. Vou tentar fazer uma listinha abaixo:

1. Pelo nosso visto, os meninos tem direito a estudar gratuitamente numa escola pública. Pode ser católica ou não e optamos pela laica. A escola não pode ser livremente escolhida e é designada através do endereço onde a gente mora. Cada CEP tem uma escola determinada e é meio complicado mudar isso. Mas também não queremos e estamos, por hora, felizes com a escola deles.

2. Existem escolas particulares, mas custam entre 12 e 14 mil dólares canadenses, o que está fora de questão pra gente. E é desnecessário.

3. Quando falo que a escola é gratuita, é gratuita mesmo. Não gastei um tostão pra comprar cadernos ou livros. Comprei mochila e lancheira apenas e alguns lápis e canetas. O transporte também é gratuito no famoso "yellow bus", desde que a gente more a mais de 1,6km da escola.

4. As escolas não têm grade ou proteção. São abertas. O pátio dos alunos maiores é ao lado da rua e dos menores tem uma cerquinha, mas nada demais. Terror e pânico pra quem tá acostumado às grades do Rio de Janeiro, mas bem normal pra quem é daqui.

5. As crianças contam que todo dia, às 9 da manhã, cantam o hino do Canadá. Já sabem até de cor.

6. Eles almoçam na escola e levam a refeição de casa (que normalmente é a sobra do jantar do dia anterior). Os maiores tem a opção de comprar na cafeteria, os menores não. A cada 15 dias tem o "dia da pizza", onde os pais podem deixar pago e eles servem pizza no almoço.

7. Os alunos chamam os professores de Miss Fulano ou Mister Sicrano.

8. Tomás tá no 6o. ano e as matérias aqui são bem diferentes do que os amigos estão estudando no Brasil. Existe uma ênfase ao ensino prático (que eu acho bem mais inteligente), sem muito aprofundamento em coisas que eles não usarão no dia à dia. Ele tem aula de inglês, francês, matemática, ciências, estudos sociais (que envolve história e geografia) e educação física. Existe uma preocupação muito maior em formar cidadão com senso crítico, participando de atividades na comunidade, do que preparar pra faculdade.

9. Joaquim tá no Senior Kindergarden e ano que vem irá pra alfabetização. Pra mim a maior diferença entre as escolas Brasileiras e as daqui está na educação dos pequenos. Eles são encorajados ao máximo a ter sua individualidade e independência (e olha que a escola onde ele estudava no Brasil prezava muito a autonomia, mas nunca vi como aqui!). Fazem absolutamente tudo sozinhos e não tem muita frescura. Nem agenda eles têm e quando a gente quer mandar algum bilhete pra professora, manda um e-mail ou envia por um aplicativo que a maioria delas usa. Lembrando das reuniões de pais da escola do Brasil, conheço umas mães que iam pirar com isso tudo. 😌 As professoras são carinhosas, mas não demais. Não existe muito contato físico como no Brasil (essa é a parte chata, o carinho das professoras do Joca era ótimo). Mas por outro lado, tenho visto ele ficar muito mais safo e independente e tenho certeza que é por conta dessas diferenças.

10. É preciso ligar pra escola e avisar caso a criança falte. Senão uma mensagem automática começa a ligar pra você sem parar às 9 da matina, até você lembrar e avisar. É uma forma deles terem certeza de que os pais sabem onde os filhos estão, pois muitos dos maiores já vão e voltam sozinhos. Ou seja, se matar aula, o pai sabe!

11. Tem várias atividades extra classe, como passeios e mini viagens que podem ser feitas ou não, dependendo da escolha dos pais. Bem mais do que eles tinham no Brasil. Essas atividades são pagas à parte. Tomás já fez até aulas de ski pela escola.

12. Existe um envolvimento muito grande dos pais com a escola, em relação à voluntariado. Em todas as atividades extras os professores perguntam se algum pai quer participar e pra isso, é necessário fazer antes uma checagem de referências na polícia de Toronto.

13. Existe uma preocupação imeeeeensa com crianças alérgicas à amendoim e castanhas em geral. É proibido enviar lanches contendo esses ingredientes pra escola. Fico sem saber se somos muito desleixados com isso no Brasil ou se aqui realmente existem mais alérgicos que lá.

14. Muitas escolas oferecem o que eles chamam de "before e after school", onde a criança entra mais cedo e sai mais tarde. Nesse caso é pago à parte, mas existem subsídios do governo que amenizam bastante os custos.

15. Não vejo muita interação entre os pais. Eu tava acostumada a ficar amiga dos pais dos amigos dos meus filhos e aqui a coisa é mais fria. Principalmente entre os mais velhos. Essa parte eu não curto.

16. Na escola pública não tem uniforme (as católicas costumam ter), mas os pequenos deixam um tênis por lá, pois costumam ir de bota por causa do frio, e trocam quando chegam.

17. Já comentei isso aqui em outra ocasião, mas é algo bem marcante. A não ser que esteja um frio extremo, tipo abaixo de -15o., todos brincam no pátio, a céu aberto. Mesmo os pequenos.

18. O ano letivo vai de Setembro à Junho. Tem um break de umas 2 semanas na época do Natal e mais uma semana em março, chamada Spring Break.

19. Quando chega o ensino médio, chamado de High School, é obrigatório, nos primeiros anos, o estudo das matérias tradicionais: geografia, matemática, física, química, história, etc. A partir do Grade 11, é possível ao aluno focar na sua área de preferência, já pensando na faculdade.

20. A elementary school é cursada por alunos de 6 a 14 anos (do grade 1 ao grade 8), enquanto a high school é cursada por alunos de 14 a 18 anos (do grade 9 ao grade 12).

21. A província de Ontário, onde estamos, tem o inglês como língua oficial, mas algumas escolas funcionam com o French Immersion, onde o idioma oficial é o francês. 

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