sábado, 28 de abril de 2018

Tomando choque no Canadá


Engana-se quem pensa que esse post é sobre choque cultural. Vou falar de choque de verdade, de estalar, fazer barulhinho e às vezes doer um pouquinho e sair faísca.

Acontece que por aqui, principalmente quando o tempo está mais frio (quase redundância falar isso) e a umidade relativa do ar cai, ficando tudo mais seco. Nós produzimos energia eletrostática  ao fazermos movimento de atrito e daí, basta encostar em algum metal, ligar o interruptor de luz ou até mesmo dar um abraço e um beijo em alguém que lá vem o tal choque. É choque mesmo! Quer dizer, é choquinho, mas é...

Às vezes chega a ser engraçado, pois vamos encostando nas coisas devagarinho, como se pudesse evitar o pior. Mas não tem muito jeito. Daqui a pouco a memória falha e vou abraçar os meninos e... choque! Até dando beijo no meu marido já tomei!!! Trocando roupas de cama, então, é batata!

Os meninos quando chegaram por aqui ficavam meio que com medo e sempre tentavam se prevenir, mas agora nem ligam mais e se divertem quando acontece. Joca é o rei da eletricidade, pois vive pulando no sofá, dando carga no corpo, literalmente. Os cabelos, fininhos, ficam até meio arrepiados. :-)

Aliás, o contato direto com tecidos é um grande vilão e pra ajudar a evitar, aqui usamos esses paninhos na secadora, que ajuda a diminuir a eletricidade das roupas (e de quebra dão um cheirinho bem gostoso também!).




Achei um video engraçadinho no youtube que explica bem como essa eletricidade estática funciona por aqui: https://www.youtube.com/watch?v=rTx5eZYb4bA

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Atentado em Toronto

Estou desde segunda querendo escrever, mas essa está sendo uma semana super puxada, pois minhas  provas e trabalhos finais do semestre precisam ser entregues. Hoje consegui uma folguinha e vi coisas tão lindas sobre o que queria escrever, que decidi que era a hora vir aqui contar.

Acredito que todos tenham visto, nos noticiários, o atentado que teve aqui em Toronto, na última segunda-feira. Um homem de 25 anos, dirigindo uma van de aluguel, atropelou propositalmente pedestres nas ruas, matando 10 pessoas e ferindo outras 13. Era 1 e meia da tarde, plena hora de almoço de um lindo e ensolarado dia de primavera (que finalmente chegou). Trata-se do maior atentado da história do Canadá.

Tudo o que foi dito acima já é terrível o bastante, mas acabou sendo mais impactante pra gente, pois aconteceu do ladinho de casa mesmo, a cerca de dois quarteirões, num local por onde passamos sempre. E em frente à natação do Joca! Quando nos demos conta do que tinha acontecido e de onde tinha sido, rolou um certo baque. Afinal, o Canadá sempre pareceu ser um país muito seguro e pensar num atentado, que podia ser terrorista, tão perto de casa, é meio perturbador.  As duas fotos acima foram tiradas da minha varanda. A primeira, para mostrar onde ocorreu um dos atropelamentos - quarteirão seguinte ao último prédio à esquerda. Na segunda, onde o cara foi finalmente preso - quarteirão seguinte à esquerda da foto. Tudo muito, muito perto de casa. Percebam a rua vazia, bloqueada. 

A medida em que as notícias foram sendo divulgadas, tomamos noção da proporção da tragédia, mas também ficamos mais tranquilos por ver que não havia sido um atentado terrorista (motivações políticas ou religiosas), mas sim mais um caso de alguém perturbado que resolver tirar a vida dos outros pra minimizar suas dores. Ao que tudo indica, o autor dessa tragédia é alguém com sérios problemas de relacionamento e faz parte de um grupo chamado de INCEL, pessoas que tem falta de atividades sexuais e culpam as mulheres por isso. Pois é... agora tem mais essa! 

Porém, minha ideia com esse post não era, na verdade, contar o que aconteceu, mas sim a visão de alguém de fora e que pode observar, de perto, como a cidade reagiu. Pra início de conversa, o que mais de chamou atenção foi a abordagem policial sobre o suspeito. O oficial não disparou um tiro sequer pra prender o cara e toda a ação foi filmada por pessoas que estavam próximas (e aconteceu a dois quarteirões daqui, pro lado oposto de onde ele atropelou algumas pessoas). O policial está sendo tratado como herói e super aplaudido pelos moradores. E não é pra menos, né? Pra quem tá acostumado com a loucura das balas perdidas do Rio de Janeiro, essa é uma coisa a ser muito aplaudida!

Logo após o incidente (eu tava saindo de casa, a caminho do college), ouvi e vi uma quantidade surreal de carros de resgate, polícia, ambulância e bombeiros passando. Um barulho ensurdecedor. Era claro que algo sério tinha acontecido, mas só entendi as proporções qdo saí do metrô. A notícia já estava em todos os jornais, inclusive do Brasil e minha preocupação foi, imediatamente, avisar meus pais de que tava tudo bem. 


De casa, Oliver avisou que haviam fechado a rua ao lado da minha e assim como o comércio. Foi meio complicada a volta pra casa, pois estações de metrô foram fechadas também. Eu que costumo sair na Yonge St. (a rua do atentado e que estava fechada - a maior da cidade, que liga ponta à ponta), tive que bater cabeça até achar um caminho alternativo pra chegar em casa. Mas cheguei. E a sensação era bem estranha. A rua, normalmente bem movimentada, estava cercada de fitas amarelas da polícia, oficias andando de um lado pro outro como se procurassem qualquer pista pelas ruas e um silêncio imenso. Cheguei a filmar a saída do metrô pra rua, como vocês podem ver aí acima. Tudo ficou fechado até quase o início da noite do dia seguinte, quando finalmente reabriram ruas, calçadas e lojas. 

No dia seguinte, aliás, a cidade ainda estava tentando entender o que tinha acontecido e a sensação era de perplexidade. Como algo assim teria acontecido num lugar tão tranquilo? Os dias passaram e as coisas começam a tomar mais o rumo da normalidade, mas não sem a gente ver uma enxurrada de ações da prefeitura, colleges, ongs, comércio local, etc. Todos querem ajudar de alguma forma, seja oferecendo recursos financeiros pras vítimas, ajuda psicológica pra quem estava lá e pra quem não estava também (mas se sente triste), um ombro amigo, etc. Uma mobilização tão bonita e que combina muito com o espírito acolhedor da cidade. Recebi ligações até do meu corretor de imóveis perguntando se estávamos bem (ele sabe que moramos bem próximos) e se desculpando por nós estarmos tendo essa "impressão" da cidade. Me comoveu.

Hoje fui ao mercado, que fica em frente à praça onde algumas pessoas foram atropeladas. Tinha uma movimentação bem grande de pessoas fazendo vigília com flores, velas, cartazes e prestando homenagens. E vários carros de TV, entrevistando quem passava por lá. Mas uma coisa, em especial, me fez parar e chorar que nem criança - voluntários acompanhados de "therapy dogs" (cachorros terapeutas) estavam ali com seus cães apenas para trazer um pouco de alegria às pessoas. A ideia desses cães é que as pessoas possam fazer carinho e brincar com eles, esquecendo um pouco da dor e aproveitando o carinho e a festa dos cãezinhos. 

E então lá estava eu, que não conhecia nenhuma das vítimas, sentada no chão da praça e brincando com um dos cachorros enquanto chorava. Uma coisa tão simples, mas tão linda, que só mesmo quem gosta e ou já teve um animalzinho desses pode entender. Deu uma saudade imensa da Esther, minha schnauzer que faleceu há quase um ano, mas também deu um orgulho imenso da empatia desse povo canadense, que soube como ninguém se colocar na dor do outro. Falando por mim, Carioca, posso dizer que vi um sopro de vida ali, sabe? Não por achar que não somos capazes de algo parecido, mas é que acho que já estamos tão acostumados à dor da violência, que muitas vezes nos faltam essas ações ou as que existem são insuficientes. E no fim das contas voltei pra casa mais leve e com a sensação, cada vez maior, de que escolhemos o lugar certo para morar. O meu amor por Toronto só aumenta. #torontostrong











domingo, 15 de abril de 2018

E como é a escola no Canadá?



Tenho várias amigas que me perguntam sobre a adaptação das crianças na escola, quais as diferenças e semelhanças com o Brasil, etc... Acho que já contei algumas coisas em posts anteriores, mas agora que eles completaram 3 meses de aula, já consigo descrever melhor como funciona, o que gosto e o que não gosto. Vou tentar fazer uma listinha abaixo:

1. Pelo nosso visto, os meninos tem direito a estudar gratuitamente numa escola pública. Pode ser católica ou não e optamos pela laica. A escola não pode ser livremente escolhida e é designada através do endereço onde a gente mora. Cada CEP tem uma escola determinada e é meio complicado mudar isso. Mas também não queremos e estamos, por hora, felizes com a escola deles.

2. Existem escolas particulares, mas custam entre 12 e 14 mil dólares canadenses, o que está fora de questão pra gente. E é desnecessário.

3. Quando falo que a escola é gratuita, é gratuita mesmo. Não gastei um tostão pra comprar cadernos ou livros. Comprei mochila e lancheira apenas e alguns lápis e canetas. O transporte também é gratuito no famoso "yellow bus", desde que a gente more a mais de 1,6km da escola.

4. As escolas não têm grade ou proteção. São abertas. O pátio dos alunos maiores é ao lado da rua e dos menores tem uma cerquinha, mas nada demais. Terror e pânico pra quem tá acostumado às grades do Rio de Janeiro, mas bem normal pra quem é daqui.

5. As crianças contam que todo dia, às 9 da manhã, cantam o hino do Canadá. Já sabem até de cor.

6. Eles almoçam na escola e levam a refeição de casa (que normalmente é a sobra do jantar do dia anterior). Os maiores tem a opção de comprar na cafeteria, os menores não. A cada 15 dias tem o "dia da pizza", onde os pais podem deixar pago e eles servem pizza no almoço.

7. Os alunos chamam os professores de Miss Fulano ou Mister Sicrano.

8. Tomás tá no 6o. ano e as matérias aqui são bem diferentes do que os amigos estão estudando no Brasil. Existe uma ênfase ao ensino prático (que eu acho bem mais inteligente), sem muito aprofundamento em coisas que eles não usarão no dia à dia. Ele tem aula de inglês, francês, matemática, ciências, estudos sociais (que envolve história e geografia) e educação física. Existe uma preocupação muito maior em formar cidadão com senso crítico, participando de atividades na comunidade, do que preparar pra faculdade.

9. Joaquim tá no Senior Kindergarden e ano que vem irá pra alfabetização. Pra mim a maior diferença entre as escolas Brasileiras e as daqui está na educação dos pequenos. Eles são encorajados ao máximo a ter sua individualidade e independência (e olha que a escola onde ele estudava no Brasil prezava muito a autonomia, mas nunca vi como aqui!). Fazem absolutamente tudo sozinhos e não tem muita frescura. Nem agenda eles têm e quando a gente quer mandar algum bilhete pra professora, manda um e-mail ou envia por um aplicativo que a maioria delas usa. Lembrando das reuniões de pais da escola do Brasil, conheço umas mães que iam pirar com isso tudo. 😌 As professoras são carinhosas, mas não demais. Não existe muito contato físico como no Brasil (essa é a parte chata, o carinho das professoras do Joca era ótimo). Mas por outro lado, tenho visto ele ficar muito mais safo e independente e tenho certeza que é por conta dessas diferenças.

10. É preciso ligar pra escola e avisar caso a criança falte. Senão uma mensagem automática começa a ligar pra você sem parar às 9 da matina, até você lembrar e avisar. É uma forma deles terem certeza de que os pais sabem onde os filhos estão, pois muitos dos maiores já vão e voltam sozinhos. Ou seja, se matar aula, o pai sabe!

11. Tem várias atividades extra classe, como passeios e mini viagens que podem ser feitas ou não, dependendo da escolha dos pais. Bem mais do que eles tinham no Brasil. Essas atividades são pagas à parte. Tomás já fez até aulas de ski pela escola.

12. Existe um envolvimento muito grande dos pais com a escola, em relação à voluntariado. Em todas as atividades extras os professores perguntam se algum pai quer participar e pra isso, é necessário fazer antes uma checagem de referências na polícia de Toronto.

13. Existe uma preocupação imeeeeensa com crianças alérgicas à amendoim e castanhas em geral. É proibido enviar lanches contendo esses ingredientes pra escola. Fico sem saber se somos muito desleixados com isso no Brasil ou se aqui realmente existem mais alérgicos que lá.

14. Muitas escolas oferecem o que eles chamam de "before e after school", onde a criança entra mais cedo e sai mais tarde. Nesse caso é pago à parte, mas existem subsídios do governo que amenizam bastante os custos.

15. Não vejo muita interação entre os pais. Eu tava acostumada a ficar amiga dos pais dos amigos dos meus filhos e aqui a coisa é mais fria. Principalmente entre os mais velhos. Essa parte eu não curto.

16. Na escola pública não tem uniforme (as católicas costumam ter), mas os pequenos deixam um tênis por lá, pois costumam ir de bota por causa do frio, e trocam quando chegam.

17. Já comentei isso aqui em outra ocasião, mas é algo bem marcante. A não ser que esteja um frio extremo, tipo abaixo de -15o., todos brincam no pátio, a céu aberto. Mesmo os pequenos.

18. O ano letivo vai de Setembro à Junho. Tem um break de umas 2 semanas na época do Natal e mais uma semana em março, chamada Spring Break.

19. Quando chega o ensino médio, chamado de High School, é obrigatório, nos primeiros anos, o estudo das matérias tradicionais: geografia, matemática, física, química, história, etc. A partir do Grade 11, é possível ao aluno focar na sua área de preferência, já pensando na faculdade.

20. A elementary school é cursada por alunos de 6 a 14 anos (do grade 1 ao grade 8), enquanto a high school é cursada por alunos de 14 a 18 anos (do grade 9 ao grade 12).

21. A província de Ontário, onde estamos, tem o inglês como língua oficial, mas algumas escolas funcionam com o French Immersion, onde o idioma oficial é o francês. 

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Passeando por Downtown

Somos uma mistura de moradores com turistas ainda. Minha listinha de locais a conhecer em Toronto, apesar de já estarmos aqui há 4 meses, só cresce e tento pelo menos uma vez por semana fazer algum programa novo.

Há umas duas semanas, num fim de semana lindo de morrer, resolvemos passear por Downtown. Estou por lá pelo menos umas 3 vezes na semana, já que meu college é na mesma vizinhança, mas acabo sempre na correria e sem muito tempo pra ver novidades.

Começamos com um almoço no Marché, um restaurante bem bacana, no estilo de um mercado, com todo tipo de comida que você pode imaginar. Ao entrar, recebemos um cartão e é só escolher o que quer comer: massa, pizza, salada, frutos do mar, sopas, carnes, comida coreana, japa, doces, "you name it!". Bem gostoso, com um cardápio específico pra crianças, parquinho e ainda fica num prédio incrível chamado Brookfield Place, mesmo lugar onde fica o Hockey Hall of Fame, uma atração que ainda não fomos e está na minha lista!

De lá seguimos de streetcar até o Distillery District, que a gente já tinha visitado à noite, na feira de Natal, mas que tem uma cara totalmente diferente de dia. Esse lugar é uma antiga destilaria que foi transformada num espaço bem bacana com restaurantes, bares, galerias de arte e lojas de artigos de design. A entrada é gratuita e a visita rende fotos lindas! Vários restaurantes tem espaço ao ar livre, mas ainda tá bem frio pra encarar essa aventura. Mais um motivo pra voltar lá daqui a uns 2 meses. :-)









segunda-feira, 9 de abril de 2018

ROM - Royal Ontario Museum & UofT

Há algumas semanas visitamos o Royal Ontario Museum, mais conhecido como ROM. Pra quem conhece Nova Iorque, acho fácil descrevê-lo como uma mistura de Metropolitan Museum + Museu de História Natural e é o local perfeito pra você fazer um programa com crianças!

Muitos dinossauros, fósseis, animais empalhados, armaduras e armas de guerreiros e diversas atividades interativas. Os meninos simplesmente amaram! O museu tem uma arquitetura incrível e uma das fachadas mais bacanas que já vi na vida! Foi uma tarde de muita diversão e o passeio pelo ROM é algo que não pode faltar numa visita à Toronto. Além das exposições normais, também estão por lá uma coleção de vestidos da Dior e uma expo sobre Vikings.

Na saída, uma boa pedida é um passeio até o campus da Universidade de Toronto - UofT, a uns 10 minutinhos de caminhada dali. Depois de Harvard e MIT foi o campus mais lindo que já visitei, mais ainda com um céu claro como esse aí! 👇👇👇






domingo, 1 de abril de 2018

Instagram

Oie!

Tô em falta com o blog, cheia de coisas bacanas pra mostrar, mas numa correria imensa pelos trabalhos do college, nessa reta final do primeiro semestre de aula.

E como muitas vezes, no meio da falta de tempo, vejo alguma coisa legal pra postar, mas que não chega a render um post inteiro, criei uma conta do blog no Instagram. Lá vou tentar ser mais assídua, mas rapidinha, mostrando curiosidades do dia à dia e de coisas diferentes que vejo pelo meu caminho em Toronto.



Mas não vou esquecer daqui não, tá?  Prometo :-)

Encontros e Despedidas

Julho e Agosto foram meses especias e muito corridos! Tive minhas primeiras visitas em casa. E que visitas! Primeiro, meu pai, que ficou...