O tempo passou voando e hoje, quando me dei conta, percebi que ontem fez um mês que chegamos aqui. São tantas novidades a cada dia, que a data certa passou batida e acabei não fazendo um post comemorativo, mas acho que ainda vale com um pouquinho de atraso, né?Posso dizer que esse primeiro mês foi muito feliz. Aprendemos todos os dias, passamos por vários desafios mas já me sinto em casa. É difícil explicar essa sensação. Apesar da saudade dos meus pais, familiares, amigos, não me sinto como uma estrangeira. Acho que o fato de estarmos numa cidade multicultural e cheia de gente de fora, ajuda muito nessa adaptação. Também ajuda o fato dos meninos terem se adaptado com tranquilidade e do nosso planejamento estar andando dentro do esperado. Mas claro que nem tudo são flores e existem muitas coisas diferentes do que estávamos acostumados. Algumas pra melhor, outras (felizmente poucas) pra pior. Vou tentar enumerar as que mais me marcaram nesses primeiros 30 dias (e sei que vou esquecer de um monte!). Não reparem a ordem, vai na forma que me vem à cabeça:
- Ir ao mercado ainda é uma aventura. Já aprendemos quais os mais baratos e os mais caros, onde ficam os principais produtos, conhecemos algumas marcas, mas ainda nos surpreendemos com algumas coisas. Por exemplo, Joca ama ovo de codorna e ontem achei uma latinha com vários. Comprei, mas ainda não tive coragem de abrir pra ver se presta. Tem muita coisa que fico curiosa pra experimentar, mas muitas embalagens são grandes e fico com receio de comprar e não gostar. Aos poucos tenho que ajustar isso.
- Cozinhar também está se tornando uma tarefa um tiquinho menos complicada a cada dia. Eu não sou fã e tb não sou muito boa na cozinha, mas aqui não tem jeito, então tenho que colocar a mão na massa. Uma coisa que tem me ajudado à beça é uma panela de pressão elétrica chamada INSTANT POT, que faz tudo muito rapidinho e sem sujeira. Arroz, feijão, frango, carne, até torta dá pra fazer nela. Uma mão na roda, que eu ainda não tinha visto no Brasil.
- Limpar a casa não tem sido problema. Aqui é tudo feito pra facilitar a vida, vende lencinho pra tudo! A máquina de lavar louças também é imensa e cabe todas as panelas (inclusive a parte interna da instant pot!!!). Vai tudo da mesa pra ela e depois pro armário. Um espetáculo!
- A pele da gente fica super ressecada no inverno e pra resolver, só mesmo muito hidratante. Muito mesmo! Mesma coisa nos lábios, que precisam de uma hidratação pra não rachar.
- O meu prédio tem porteiro, mas ele não abre a porta pra ninguém. Quem é morador tem uma tag que autoriza a entrada. Quem é visitante, digita o apartamento da pessoa, que por um código no teclado do próprio telefone, abre a porta lá embaixo.
- Já contei aqui que as crianças vão e voltam de ônibus escolar. O curioso é observar que quando ele para no ponto (aqui são pontos determinados e não na casa de cada um), todos carros que estão atrás dele ou na direção oposta (rua de mão dupla) param e só voltam a andar quando o ônibus está cheio e dá partida. E todo mundo espera sem reclamar. Aliás, não se ouve quase gente buzinando por aqui...
- Nos mercados e lojas grandes é muito comum você encontrar caixas com operador e filas de auto-atendimento. É super simples de usar, você mesmo escaneia os códigos, coloca nas bolsas, paga com o cartão e vai embora. Normalmente tem um funcionário próximo pra auxiliar em casos de dúvidas, mas é a gente que faz tudinho!
- Falando em mercado, mais uma vez, é muito comum as pessoas levarem as próprias sacolas de compras, ao invés de usar as de plástico. Quando você chega no caixa, o funcionário costuma perguntar se você vai precisar de sacola e normalmente elas são cobradas (cerca de 0,05 ou 0,10 CAD) por unidade, então a gente aqui já providenciou duas pra andar na bolsa, economizando e dando uma ajuda pro meio ambiente. Ah, e como também não temos carro, compramos um carrinho tipo de feira que vamos puxando pela rua, pra não ter que carregar peso na volta.
- Nunca vi lugar com mais restaurantes orientais do que aqui. Acho que só no quarteirão que moro, deve ter mais de 10, de pequenos a grandes. Chinês, japonês, koreano, thailandês, etc. A variedade é imensa! Hoje, por exemplo, fomos a um "all you can eat" japonês, algo como um rodízio. Custava 18,99 e a gente podia comer o que quisesse. O bacana é que eles deixam um tablet à mesa, onde a
gente fazia o próprio pedido aos poucos. No cardápio tinha de tudo um pouco e aproveitamos pra conhecer umas coisas que não tinha nos japas do Brasil. Achamos bem gostoso!
- Internet móvel é outra coisa curiosa. A gente tinha, no Brasil, um plano familiar de 15GB. Nos assustamos quando vimos que aqui os planos mais usados são de 1, 2, 3 GB... É que praticamente todo lugar tem wifi (e que funciona), então a gente só usa o 4G (LTE, na verdade), quando tá na rua. Bom, né?
- A cidade tem uma quantidade maior de moradores de rua do que eu imaginava. Não que seja uma cena assustadora, comparado com o que víamos no Rio, mas ainda assim é mais do que o pouco que eu imaginei. Mas pelo que me explicaram, existem diversos abrigos pra eles, então não sei dizer bem o pq disso. Ainda assim, não me sinto insegura em lugar algum. As pessoas usam todos os tipos de objetos eletrônicos nas ruas, sem problemas.
- Dentro de casa fico de short. Mas às vezes esfria e ponho uma calça. :-)
- Não existe bidê e nem duchinha higiênica. Eu gostava de duchinha higiênica... 😩
- A grande maioria das pessoas realmente só atravessa nos sinais e mesmo quando está bem frio elas esperam abrir.
- Existe o costume de não entrar em casa de sapatos, pois como as ruas ficam cheias de neve, eles acabam molhando tudo. Então a gente entra e deixa num móvel logo perto da porta, e anda descalço, de meia ou chinelo em casa.
- Essa eu já conhecia, mas ainda tomo muitos sustos: a gente leva vários choques no dia a dia. É que a gente produz energia eletrostática quanto faz atrito com roupas de lã, fleece, etc. Daí basta encostar em objetos de metal ou mesmo em outra pessoa pra dar um choquinho. Na maioria das vezes é uma bobagem, chega a ser engraçado, mas outras dói um pouquinho...
- Aqui, no inverno, o dia clareia umas 7:30 e escurece antes das 17. No verão, dizem que o sol vai até às 21:00. O fato é que eu tenho a sensação de termos dias que duram mais horas aqui. Não sei dizer bem o porquê. Pode ser pela diferença do fuso, pois quando falo com alguém no Brasil já são tipo 21 e aqui ainda são 18, ou pq acordo cedo pra colocar os meninos pra escola, ou ainda pq com a noite chegando mais cedo a gente fique com a impressão de que já deveria ir pra cama e ainda não foi. Mas o que posso garantir é que meu dia rende bem mais do que antes.
- A gente sabe exatamente quando paga de imposto nos produtos, pois os preço que vemos pra tudo é sem o imposto de 13%, que só é adicionado à nota na hora de pagar. Ou seja, sabemos o quanto custa o produto e quanto o governo leva.
- Os moradores de Toronto costumam achar que a cidade tem um trânsito pesado na hora do rush, mas acredite, essa é uma opinião de quem nunca foi ao Rio ou a SP.
- Já comentei isso antes e vou comentar sempre, pq é uma constante todos os dias. Você escuta diversas línguas diferentes, todos os dias aqui. É um país com muitos estrangeiros, definitivamente!
- Também me espanto com a quantidade imensa de parques públicos e centros de atividades comunitárias. É realmente algo incrível, mas que vou deixar pra explicar mais como funciona no próximo post. Prometo :-)
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