quarta-feira, 7 de março de 2018

Três meses e me sinto em casa

 Seria ridículo da minha parte começar escrevendo que o tempo voa. Mas sim, ele voa, e à jato! Completamos amanhã três meses de Canadá e toda aquela angústia, correria, dúvida me parecem tão distantes que já nem sei bem se senti um dia. Me sinto em casa, de verdade. Aconchegada, adaptada e fazendo parte de um lugar que mal conheço, mas já amo bastante.

Muito aconteceu nesses últimos 90 dias. Muitas coisas eu venho contando aqui, outras mais corriqueiras, acabam se incorporando no dia à dia e eu já nem me dou conta. De maneira geral, um pequeno desvio ou outro, as coisas seguem como no script ou se encaminham pra isso. Casa com cara de casa; meninos enturmados na escola, fazendo passeios de turma sozinhos; professores da George Brown que já sabem meu nome; desconhecido que me para e pede uma informação na rua, e eu consigo explicar; moça que trabalha como caixa da lojinha próxima que já me reconhece... pequenas coisas que fazem o cotidiano parecer cada vez mais com cara de cotidiano. :-)

Não somos mais turistas!

Semana passada tive minha primeira folga no college, um break de uma semana, e consegui colocar um pouco de estudo, leitura e séries em dia. Semana que vem será a vez das crianças terem uma semana de march break pra descansarem a cabeça. Sobre eles é curioso observar como o que ouvíamos sobre a adaptação é totalmente correto. Diziam pra gente que em 45 dias de aula eles estariam muito mais à vontade com a língua, e exatamente com esse tempo eu peguei um diálogo incrível, totalmente em inglês, entre Tomás e Joaquim. Fiquei babando por alguns dias, tenho que confessar. Tomás, que  já estudava inglês há uns 5 ou 6 anos no Brasil, ampliou demais o vocabulário e se aventura em filmes e livros sem dicionário. Joca, que conhecia apenas músicas e algumas palavras, conversa com os amigos e professores. Entende muito mais do que fala, claro, mas muitas vezes me surpreende respondendo à alguma pergunta minha em inglês e com um sotaque que chega a dar uma invejinha de tão fofo!

Sigo aprendendo muito na faculdade e adorando a ideia de estar estudando novamente. Me sinto viva lá dentro, sentimento bom demais! Fiz amigas e as coisas fluem com mais naturalidade a cada semana. Não me sinto estrangeira, sabe? Não sei explicar. E o mais curioso é que não sinto falta do Rio. Doido, né? Não é desdém ou nada do tipo, apenas não senti falta ainda. A saudade vem apenas na forma das pessoas, vontade de abraçar meus pais, meu irmão, meus amigos... Mas não dói. Pelo menos não ainda.

Assim como quando escrevi sobre os primeiros 30 dias, vou tentar pontuar aqui mais algumas coisas curiosas que percebi ou vivi nesses 3 meses. Coisas daqui, diferenças com o que estamos acostumados, umas melhores e outras piores. Vamos lá...

- O transporte público é algo que me encanta cada vez mais. Apesar de já ter tirado a carteira de motorista, continuamos sem carro e usando metrô, ônibus, streetcars ou os pés mesmo em 100% das vezes que saímos. E funciona. É uma delícia.

- Me incomoda a falta de diálogo entre os vizinhos. Não existe o costume de cumprimentar as pessoas, na grande maioria das vezes. Acho estranho. Mas ainda assim, as pessoas nas ruas são extremamente cordiais.

- Toronto é uma cidade cara. Claro que se você comparar com o preço do Brasil, os bens de consumo são bem mais baratos, mas de modo geral, é uma cidade cara, principalmente pra moradia e serviços.

- O interfone dos prédios funcionam de maneira diferente da nossa no Brasil. Ao invés de digitar o numero do apartamento, digita-se um "buzzcode", algo com o # seguido de alguns números, que nada tem a ver com o do seu apartamento.

- Os sapatos estragam com facilidade se a gente não cuidar, pois mancham com o sal que jogam nas ruas pra ajudar a derreter a neve. Pra resolver, vendem uns sprays pra remover as manchas de sal.

- Canadenses adoram cupons de desconto e eles são realmente ótimos! Chegam pelo correio ou então vc ganha nas lojas para usar numa próxima compra. E valem muito à pena! Também adoram um encarte de mercado e muitos deles batem o preço da concorrência, então é bem comum ver gente levando encarte debaixo do braço pra fazer compras.

- Estudantes, como eu, têm direito a descontos em diversos lugares: transporte público, alguns restaurantes e lojas, museus, aluguel de carro, etc. Sempre vale a pena chegar se tem desconto pra estudante!

- Já não uso mais tanta bota. Elas são mega úteis pros dias de muuuuuito frio e neve, mas no dia à dia, tênis resolve super bem. Aliás, andou fazendo uns dias de temperatura bem amena por aqui, chegando a 15 graus em pleno inverno. Delícia!

- Canadenses amam cachorros e vc vê os donos passeando sempre com seus bichinhos, sempre de botinha nos pés e roupinhas pra ajudar no frio. Andam nas lojas, metrô, shoppings, em tudo quanto é canto! Mas é raro ver vira-lata e até hoje não vi um cachorro sequer abandonado na rua. 

- Incorporei alguns hábitos como levar meu almoço em quentinha, em determinados dias da semana. Muita gente faz isso e dá pra economizar uma graninha. Aliás, é comum ver gente andando nas ruas enquanto come. É que assim não precisam tirar horário de almoço no trabalho e podem sair mais cedo. 

- Difícil ver táxi nas ruas.

- Praticamente não passamos roupas. Ela sai bem esticadinha da secadora e é fácil dobrar e agurdar ainda quentinha. Só camisas sociais e vestidos precisam de mais cuidado nesse quesito. Fico pensando quanto tempo e dinheiro a gente não perde com isso no Brasil...

- Aqui não existe moeda de 0,01 centavo, então o troco é dado pra cima ou pra baixo, dependendo do valor. Por exemplo, se algo custou 0,92 cents, arredonda pra 0,90. E se foi 0,93 arredonda pra 0,95.

- Comprar um Iphone8 por 0 dólares não tem preço (vinculado ao contrato com a operadora, claro)

- Toronto tem restaurantes deliciosos. Minha lista dos que quero visitar é imensa, e por enquanto, os  que mais gostei até agora foram: James Italian, Paramount e Capitain´s Boil.

- Continuo detestando minha aula de desenho :-)



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